Depressão se tornou um termo popular na nossa cultura. Antigamente restrito aos círculos técnicos e muitas vezes questionado sobre sua própria existência, hoje a depressão é bem conhecida e popular.
Melancolia é o termo mais antigo para o quadro da depressão, pois foi cunhado por Hipócrates na Grécia Antiga e perdurou ao longo dos tempos. No termo, que significa “bile negra”, Hipócrates já colocava o possível mecanismo de doença que ele acreditava que traria os sintomas. A mudança de um dos humores (humor significando algum líquido produzido pelo corpo, que no caso era a bile), seria a causa das sensações alteradas vivenciadas pela pessoa. Depressão é um termo mais recente, advindo dos ingleses no século XIX para nomear o estado que antigamente se chamava melancolia. A origem etimológica vem do prefixo “De”, do latim: “para baixo” e “premere”, apertar, comprimir. A palavra já dá a sensação de que a pessoa não está em seu estado habitual, está oprimida e curvada sob o peso do problema.
Partindo desta ideia, podemos imaginar algumas possibilidades para a causa do transtorno dentro do modelo biopsicossocial: pode ser que as formas de lidar com as adversidades experimentadas pela pessoa estejam falhando (causa psicológica). Ou então, que há alguma alteração corporal (hormonal, química, metabólica, nutricional, etc) que impede que a pessoa possa se sentir bem e sem necessidade de ajuda (causa biológica). E, por fim, considerar que os estresses que ela precisou enfrentar foram muito superiores ao que uma pessoa normal conseguiria enfrentar (causa social). Geralmente, na verdade, pode existir um pouco de cada fator, os quais se somam e trazem a descompensação para o curso da vida do indivíduo.
Na avaliação da pessoa que busca ajuda, o psiquiatra avalia se há sofrimento muito grande ou se existe uma perda da funcionalidade que possam ser maiores do que um determinado limiar para o diagnóstico. Não existe nenhum exame, seja de sangue ou de imagem, que possa comprovar a depressão. Mas eles podem ajudar a excluir algum outro problema no corpo que esteja atrapalhando e também piorando o que a pessoa sente, por isso são muitas vezes pedidos também.
Questiona-se sobre a subjetividade do diagnóstico porque não há um exame que possa ser olhado por qualquer pessoa e identificado como alterado. O diagnóstico é subjetivo e abstrato, ao mesmo tempo em que segue uma linha de raciocínio e pode ser validado por outros profissionais. Isso faz parte da especialidade da psiquiatria e existem coisas que não podem ser tocadas por não serem concretas, mas não quer dizer que não estejam lá.
A partir do diagnóstico e da avaliação da trajetória do paciente até chegar àquele momento, existe uma combinação entre médico, profissionais que atendem o paciente, família (quando necessário), e em especial, o próprio paciente, para chegar ao melhor tratamento para aquela situação. Essa proposta é sempre individualizada e pessoal, por isso é difícil generalizar para todos os que têm depressão. Muitas vezes envolve uso de remédios, os quais são ferramentas importantes e muito efetivas nos dias de hoje, mas não são obrigatórias. Em outras vezes, uma combinação de medidas será o mais importante.
A compreensão da depressão evoluiu desde os dias de Hipócrates. O que antes era visto como desequilíbrio de humores invisíveis hoje é entendido através de um prisma multidimensional da experiência humana. E nessa evolução reside uma mensagem de esperança: quanto mais compreendemos sobre as faces da depressão, mais ferramentas desenvolvemos para o caminho de volta ao bem-estar. A jornada não precisa ser percorrida na escuridão — nem solitariamente.
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