O modelo biopsicossocial

A realidade é muito complexa e nossa tendência natural é simplificar o que vemos através de modelos teóricos, que são úteis para que nossa mente possa lidar com tantas variações e nuances ao nosso redor. Nossa mente e as alterações de seu estado de funcionamento habitual, os chamados transtornos mentais, são realidades muito difíceis de entender por serem tão complexas. Por isso é necessário um apoio que possa permitir o manejo desta situação com uma finalidade positiva, de desenvolvimento pessoal.

Os modelos são ferramentas que nos ajudam a não desviar do que é mais importante e assim possamos lidar com o que nos acontece de forma interessante para nós e para as pessoas à nossa volta.

O modelo biopsicossocial foi proposto em 1977 pelo médico George Enge e adotado pela Organização Mundial de Saúdel e tinha a intenção de tornar o modelo médico mais amplo, abarcando também os determinantes sociais e psicológicos das doenças. Houve benefícios ao fazer com que pudéssemos estar atentos aos vários fatores que trazem o adoecimento:

  1. Fatores biológicos: A herança genética que carregamos, os processos metabólicos que sustentam nossa existência, a neuroquímica em nosso cérebro — todos compõem a base biológica de nossa experiência.
  2. Fatores sociais: O contexto em que vivemos molda quem somos: nossa classe social e renda, a dinâmica familiar que nos acolhe (ou desafia), o ambiente de trabalho que frequentamos diariamente.
  3. Fatores psicológicos: As crenças que nutrimos sobre nós mesmos, os valores que orientam nossas escolhas, os mecanismos que desenvolvemos para enfrentar adversidades — essa dimensão interna revela como processamos e damos sentido à nossa existência.

Para cada pessoa, há áreas que são mais determinantes para o adoecimento e outras que trazem força e capacidade de recuperação. A intenção do psiquiatra é mapear estes fatores de forma que a intervenção possa ocorrer no ponto em que há necessidade de fortalecimento, utilizando o que já está saudável e funcional na vida da pessoa para auxiliar no caminho da recuperação.

Trata-se de uma simplificação da realidade, mas ao mesmo tempo permite que a análise do que trouxe o indivíduo até aquele momento possa ser abordada de forma útil para a vida da pessoa.

“The need for a new medical model: a challenge for biomedicine.”, George L. Engel, 1977 Engle-Challenge-to-Biomedicine-Biopsychosicial-Model.pdf

“The Biopsychosocial model 25 years later: principles, practice and scientific inquiry.”, Francesc Borrell-Carrió, MD e outros, 2004 

The Biopsychosocial Model 25 Years Later: Principles, Practice, and Scientific Inquiry – PMC

Com ajuda da Inteligência Artificial Claude